
“Na verdade a Vera Verão não é uma personagem, é uma entidade”, essas são palavras do próprio Jorge Lafond, ator que deu vida à personagem que marcou a história da TV Brasileira.
Lafond começou sua carreira longe da TV, ainda como dançarino viajou o mundo na década de 70, somente em 1981 acontece a estreia em televisão, no programa “Viva o Gordo” de Jô Soares.
Em meio a participações na Rede Globo durante a década de 80, Lafond se encontrou como ator humorístico, mas foi apenas em 1992 que sua personagem mais famosa ganhou vida. A princípio a personagem que Carlos Alberto de Nobrega idealizava seria bastante caricata, agressiva e com outro nome, mas Lafond já trazia dentro de si o que a SBT nem sabia que precisava para o programa “A Praça é Nossa”.

Pioneiros em muitas coisas, Lafond e Vera Verão eram ao mesmo tempo responsáveis pelo primeiro contato de uma parcela considerável do povo brasileiro com um gay negro e uma travesti negra na TV aberta, respectivamente, uma sociedade muito mais preconceituosa e cheia de estigmas do que a atual.
Vera Verão trazia consigo um humor ácido e escancarava a homofobia e a transfobia tão evidente na sociedade da época, porém seguia sendo mal vista por uma parte considerável da comunidade LGBTQIAP+, Lafond era acusado de estereotipar a persona gay no papel humorístico.
O fato é que foi preciso existir uma Vera Verão para que hoje a arte LGBTQIAP+ seja minimamente respeitada e conquiste cada vez mais espaço na TV aberta, se Linn da Quebrada, Liniker, Majur e tantas outras artistas possuem reconhecimento e carreiras respeitadas, créditos devem ser dados a Jorge Lafond que caminhou solitário sendo pioneiro em tantos quesitos antes mesmo do novo milênio.

No último sábado (11), completamos 22 anos do falecimento de Lafond, que sua vida seja lembrada com carinho e seu legado reconhecido pela imensa importância para a história da televisão brasileira, uma lenda que jamais será esquecida.