Cultura

Escolas de Samba no Rio de Janeiro e em São Paulo pautam ancestralidade e negritude em seus enredos para 2026

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Vinícius

Redator

Nacional

Viradouro - Mestre Ciça

A Viradouro escolheu um nome lendário do Carnaval para seu enredo em 2026. “Pra Cima, Ciça!” é o título que celebra o icônico diretor de bateria. O samba-enredo que embala a homenagem é, inclusive, uma das composições assinadas por Marcelo Adnet. O desfile consagra a trajetória deste mestre, cujo ritmo vibrante marcou a história da agremiação na Sapucaí.

Império Serrano - Conceição Evaristo

A Império Serrano celebra uma das maiores vozes da literatura negra brasileira. O enredo “Ponciá Evaristo, Flor do Mulungu” leva a obra de Conceição Evaristo para a avenida. A escola exalta a força da mulher preta em fantasias, como a “Conceição Yalodê”, que une beleza e ancestralidade.

Portela – Príncipe Custódio

Rompendo o eixo Rio-Bahia, a Portela volta seu olhar para o sul do país ao homenagear o Príncipe Custódio, figura central na estruturação do Batuque no Rio Grande do Sul. O enredo busca resgatar essa narrativa ancestral muitas vezes esquecida, conectando o Benim à cultura afro-gaúcha. A escola celebra a força espiritual e a “ressurreição da coroa” de um líder que marcou a história religiosa brasileira longe dos holofotes tradicionais.

Mocidade Alegre – Léa Garcia

A saudosa atriz Léa Garcia será eternizada pela Mocidade Alegre como uma verdadeira “Deusa Negra” e pioneira das artes dramáticas no Brasil. O enredo “Malunga Léa” celebra sua trajetória de quebra de barreiras, reconhecendo-a como uma companheira de luta fundamental para a cultura nacional. O desfile exaltará a memória de quem forjou novos caminhos e ousou existir para além dos papéis limitantes impostos à época.

Gaviões da Fiel – Vozes Ancestrais

Em um manifesto político e poético, a Gaviões da Fiel ecoará o grito de resistência dos povos originários com o tema “Vozes Ancestrais”. A narrativa defende que a preservação da floresta e do futuro depende intrinsecamente da existência e da memória indígena. Guiada pela sabedoria dos guardiões da terra, a escola afirma que sua voz será como uma flecha atravessando o tempo em defesa da vida e do amanhã.

Unidos da Tijuca – Carolina Maria de Jesus

Para coroar Carolina Maria de Jesus com a dignidade que merece, a Unidos da Tijuca propõe um reencontro sensível com sua literatura visceral. O enredo pretende subverter estigmas, apresentando-a primeiramente como uma escritora genial, e não apenas como um retrato social da favela. Será um desfile poético, transformando seus escritos e vivências no “Quarto de Despejo” em um pavilhão de reconhecimento.

Barroca Zona Sul – Oxum

As águas doces de Oxum banharão a avenida no desfile da Barroca Zona Sul, que repete a fórmula de sucesso do ano anterior ao exaltar orixás femininas. Com o título “Oro Mi Maió”, a escola promete revelar os mistérios e encantos da divindade do amor, da prosperidade e da beleza. A intenção é tocar o coração do público com a magia e a emoção profunda que emanam das crenças de matriz africana.

Beija-Flor – Bembé do Mercado

O histórico Bembé do Mercado, maior candomblé de rua do mundo realizado no Recôncavo Baiano, será a aposta da escola de Nilópolis para reafirmar a fé afro-brasileira. Celebrando a ocupação do espaço público pelo povo preto desde 1889, logo após a abolição, o enredo destaca a resistência cultural em Santo Amaro da Purificação. A agremiação levará para a avenida a energia de dezenas de terreiros que, anualmente, renovam seus votos de liberdade.

Império de Casa Verde – Escravas de Ganho

As “escravas de ganho” e sua luta incansável pela alforria ganham destaque na Império de Casa Verde através da figura de Dona Fulô. O enredo “Império dos Balangandãs” mostra como as joias e o comércio de rua foram instrumentos de liberdade e afirmação para essas mulheres em Salvador. É uma homenagem à força feminina que transformou o trabalho árduo, a fé e os amuletos em estratégias de sobrevivência e emancipação.

Mangueira – Mestre Sacaca

Mergulhando na “Amazônia Negra”, a Verde e Rosa exaltará a sabedoria de Mestre Sacaca, lendário curandeiro do Amapá e guardião das tradições tucujus. A proposta é evidenciar a força das populações tradicionais e o conhecimento ancestral de quem dedicou a vida à cura e à floresta. Sob a proteção deste Xamã Babalaô, a escola promete um desfile guiado pelos mistérios e pela biodiversidade cultural da região norte.

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