Arte

Premiado pela ONU, fotógrafo brasileiro inaugura atividade inédita junto à comunidade afro-paraguaia de Kamba Cuá

Em ação educativa inédita, André Fernandes une arte, ancestralidade e diplomacia cultural ao incorporar produções infantis de Kamba Cuá à exposição em Asunción.
Picture of Alexandre Santana

Alexandre Santana

Editor-chefe

Nacional

André Fernandes conduz atividades artísticas e educativas pela mostra ‘Candomblé’, fortalecendo a diversidade cultural no continente sul-americano. Na ocasião, crianças da comunidade afro-paraguaia se reuniram para criar obras inspiradas nos Orixás. Estreitando os laços entre Brasil e Paraguai, o fotógrafo documental André Fernandes continua com a exposição ‘Candomblé’ em cartaz na sede do Instituto Guimarães Rosa (IGR). A mostra reúne as séries ‘Orixás’ (2014) e ‘Ounjẹ Òrìṣà – Comida de Orixá’ (2024), conectando tradições afro-brasileiras a territórios da diáspora no país guarani.

A exposição de André Fernandes ganhou um capítulo especial com a visita da comunidade afro-paraguaia de Kamba Cuá, espaço histórico de resistência e da memória negra no país do Mercosul. Além de movimentar a Embaixada Brasileira em Asunción, a tarde de conversas sobre os Orixás, seguida da atividade lúdica com as crianças, reforça o caráter diplomático, educativo e cultural da circulação da mostra.
Recebido com celebração e afeto, o fotógrafo baiano conduziu uma visita guiada pela exposição, dedicada às crianças da comunidade, que mergulharam no universo simbólico dos Orixás e suas conexões com a natureza de acordo com o Candomblé. Entre cores, traços e narrativas próprias, os ‘niños’ criaram obras desenhadas a partir das fotografias.

O resultado da atividade, no entanto, ultrapassou a vivência pedagógica. À pedido de André Fernandes, os desenhos agora integram a exposição ‘Candomblé’, fazendo parte oficial da mostra no Paraguai. Além de sediar a atividade, o Instituto Guimarães Rosa agora expõe as obras das crianças de Kamba Cuá, junto à coleção de 31 retratos inéditos e premiados do fotógrafo brasileiro.
“Um dia antes da estreia da exposição, o Instituto Guimarães Rosa se encheu de vozes miúdas, risadas curiosas e olhos atentos. Recebemos crianças da comunidade afro-paraguaia Kamba Cuá, convidadas para um encontro que é também um elo entre o Brasil e o Paraguai, o passado e o presente, o sagrado e a matéria. Contamos para elas as histórias dos Orixás; de como Exu abre caminhos, de como Oxum mora nas águas doces, de como Xangô fala pelo trovão“, explica André.

O fotógrafo, junto à curadora da mostra, Mai Katz, trocaram conversas e risadas com adultos e crianças afro-paraguaias, firmando laços através da arte. “Enquanto falávamos, elas (as crianças) ouviam atentamente para depois desenharem, ao modo de cada um, os Orixás. Os quinze desenhos agora integram a exposição, como parte viva dela; porque o axé se multiplica quando é compartilhado”, conclui.

Em cartaz até o dia 30 março de 2026, a mostra ‘Candomblé’ é um marco internacional da cultura afro-brasileira, em conexão com o Paraguai. A presença dos desenhos das crianças e a integração das séries fotográficas transformam a mostra em um espaço vivo de memória, arte e educação, que celebra a ancestralidade e fortalece a compreensão da diversidade cultural no continente sul-americano.

Buscar